Ontem foi um dia nervoso. Meu pensamento dividiu-se entre muitas coisas. O dia de sol de domingo e a praia que eu não iria, o almoço de minha mãe que eu não provaria, a pilha de livros e as leituras atrasadas, os capítulos que tenho para começar e que não escrevo, a culpa por esquecer o aniversário de uma das minhas grandes amigas, a vontade de rever amigos que nunca mais encontrei, a geladeira vazia mandando que eu fosse fazer o meu mercado. Eu entendo e me desculpo por todas estas coisas não feitas.
O que não entendo são as coisas da política. E o dia foi nervoso por causa das coisas da política, também. Além do meu pensamento divido entre os meus assuntos de foro íntimo e o resultado das eleições, os meus dois olhos também giravam em direções contrárias. Um, aplicado no trabalho com as eleições e o outro no que acontecia nas ruas. Ou seja, alta pressão nas artérias.
Nervos à flor da pele na apuração das urnas e nos números embolados entre os candidatos Walter Pinheiro (PT), João Henrique (PMDB) e ACM Neto (DEM). O empate técnico entre os 30,97% de João Henrique e os 30,06% de Walter Pinheiro me aliviaram bastante, o que não somente me leva a sonhar com a vitória de Pinheiro no segundo turno eleitoral, mas que, sobretudo, consolida a 3ª perda sucessiva dos carlistas na Bahia (2004, 2006,2008).
Em suas análises, os cientistas políticos afirmam que esta eleição não foi considerada a partir das performances individuais dos candidatos, mas sim através do peso dos partidos políticos aos quais os candidatos estavam vinculados. Posso, assim, entender a vitória do PT e do PMDB, bases aliadas do governo Lula e a derrota do democrata ACM Neto.
Mas, estas análises devem ser aprofundadas pelos especialistas. Eu, confesso que gostei mesmo foi ver foi o abatimento de ACM Neto!
O que eu não consegui entender, em meus sentidos nervosos, foi Leo Kreti do Brasil, a “danada”, a “cretina”, como a quarta vereadora mais votada em Salvador, com quase 12.000 votos e minha candidata Creuza com pouco mais de 4.000 votos.
Leo Kreti é dançarina de pagode e tornou-se a primeira vereadora transexual eleita. Diz em entrevista que não escolheu, mas foi escolhida pelo partido DEM (o partido de ACM Neto), numa de suas convenções, para integrar o seu quadro de candidatos a vereadores. Por que seria, heim? As mesmas práticas populistas do “antigo” carlismo.
Não sou puritana e não é o fato de Leo Kreti ser transexual, nem mesmo por ela dançar lascivamente o seu pagode. Nem quero valorar as questões estética e comercial das danças e letras dos pagodes. O problemático é que Leo Kreti não tem história, nem luta política e não é referendada nem mesmo pelo Grupo Gay da Bahia, ONG que desenvolve importante papel na defesa dos direitos dos homossexuais.
O que não entendo são as coisas da política. E o dia foi nervoso por causa das coisas da política, também. Além do meu pensamento divido entre os meus assuntos de foro íntimo e o resultado das eleições, os meus dois olhos também giravam em direções contrárias. Um, aplicado no trabalho com as eleições e o outro no que acontecia nas ruas. Ou seja, alta pressão nas artérias.
Nervos à flor da pele na apuração das urnas e nos números embolados entre os candidatos Walter Pinheiro (PT), João Henrique (PMDB) e ACM Neto (DEM). O empate técnico entre os 30,97% de João Henrique e os 30,06% de Walter Pinheiro me aliviaram bastante, o que não somente me leva a sonhar com a vitória de Pinheiro no segundo turno eleitoral, mas que, sobretudo, consolida a 3ª perda sucessiva dos carlistas na Bahia (2004, 2006,2008).
Em suas análises, os cientistas políticos afirmam que esta eleição não foi considerada a partir das performances individuais dos candidatos, mas sim através do peso dos partidos políticos aos quais os candidatos estavam vinculados. Posso, assim, entender a vitória do PT e do PMDB, bases aliadas do governo Lula e a derrota do democrata ACM Neto.
Mas, estas análises devem ser aprofundadas pelos especialistas. Eu, confesso que gostei mesmo foi ver foi o abatimento de ACM Neto!
O que eu não consegui entender, em meus sentidos nervosos, foi Leo Kreti do Brasil, a “danada”, a “cretina”, como a quarta vereadora mais votada em Salvador, com quase 12.000 votos e minha candidata Creuza com pouco mais de 4.000 votos.
Leo Kreti é dançarina de pagode e tornou-se a primeira vereadora transexual eleita. Diz em entrevista que não escolheu, mas foi escolhida pelo partido DEM (o partido de ACM Neto), numa de suas convenções, para integrar o seu quadro de candidatos a vereadores. Por que seria, heim? As mesmas práticas populistas do “antigo” carlismo.
Não sou puritana e não é o fato de Leo Kreti ser transexual, nem mesmo por ela dançar lascivamente o seu pagode. Nem quero valorar as questões estética e comercial das danças e letras dos pagodes. O problemático é que Leo Kreti não tem história, nem luta política e não é referendada nem mesmo pelo Grupo Gay da Bahia, ONG que desenvolve importante papel na defesa dos direitos dos homossexuais.
Como explicar, então, a expressividade dos 12.000 votos?
Talvez eu esteja sendo até mesmo ingênua em querer um pouco de coerência no processo eleitoral e talvez eu devesse concordar com o antropólogo Roberto Albergaria, quando ele afirma: “Léozinha é emblemática no atual espírito do tempo: alegorizando um tipo de política e de sexo (a tal da desconstrução dos gêneros e das orientações sexuais heteronormais do passado) que não passam de uma alegre esculhambação!”.
É isso aí! Alegoria política e esculhambação!
Saindo um pouco da minha passionalidade por ver a derrota de minha candidata, a batalhadora companheira Creuza, e a vitória esplendorosa de Leo Kreti do Brasil, também gostaria de entender como nove vereadores não tiveram um voto sequer. Z-e-r-o voto. Nem os deles próprios. É um bom motivo para dar gargalhada.
E, como uma boa gargalhada espanta qualquer negatividade, vou aproveitar que meus nervos voltaram à normalidade, que meu pensamento não está divido e que meus dois olhos fitam somente o mesmo plano, para fazer meu mercado, tirar do atraso a leitura e a escrita, ligar para os amigos, pedir desculpas pelos esquecimentos e avisar a minha mãe que no domingo que vem eu “tô colada” no feijão dela.
Muito melhor do que me meter a entender o que, definitivamente, não entendo né?
Leo Kreti do Brasil, “querida”, continuo não entendendo os reveses da política, mas, nem me chame para dançar, que eu não vou, não!
Talvez eu esteja sendo até mesmo ingênua em querer um pouco de coerência no processo eleitoral e talvez eu devesse concordar com o antropólogo Roberto Albergaria, quando ele afirma: “Léozinha é emblemática no atual espírito do tempo: alegorizando um tipo de política e de sexo (a tal da desconstrução dos gêneros e das orientações sexuais heteronormais do passado) que não passam de uma alegre esculhambação!”.
É isso aí! Alegoria política e esculhambação!
Saindo um pouco da minha passionalidade por ver a derrota de minha candidata, a batalhadora companheira Creuza, e a vitória esplendorosa de Leo Kreti do Brasil, também gostaria de entender como nove vereadores não tiveram um voto sequer. Z-e-r-o voto. Nem os deles próprios. É um bom motivo para dar gargalhada.
E, como uma boa gargalhada espanta qualquer negatividade, vou aproveitar que meus nervos voltaram à normalidade, que meu pensamento não está divido e que meus dois olhos fitam somente o mesmo plano, para fazer meu mercado, tirar do atraso a leitura e a escrita, ligar para os amigos, pedir desculpas pelos esquecimentos e avisar a minha mãe que no domingo que vem eu “tô colada” no feijão dela.
Muito melhor do que me meter a entender o que, definitivamente, não entendo né?
Leo Kreti do Brasil, “querida”, continuo não entendendo os reveses da política, mas, nem me chame para dançar, que eu não vou, não!
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