Esta lua sobre mim!
Desta lua que hoje é redonda.
Branca, não amarela.
Esta lila.
Brincadeira divina.
Despudoradamente nua,
No vácuo do céu,
Tapando o que há de fosco em mim.
Era disso mesmo que eu precisava.
Esta lua sobre mim!
Desta lua que hoje é inteira.
Esta bola de gude.
Brincadeira divina,
No oco do céu,
Convexa com o que há de vão em mim.
Lua.
Lila.
E eu me transmudo
Sem uivar.
Afino o instrumento.
Cantarolo o canto.
Aprumo o coração.
Trago o olhar para a retina.
E vejo.
Era somente disso mesmo que eu precisava,
Para estancar o que vaza
Do que em mim é vazio
E me toma por completo.
A lua cheia
Que invade
Displicentemente,
Meu corpo nu de mulher,
Como se quisesse cobrir
A saudade
Que te leva...
Para longe.
Para muito longe
Daqui.
Lua.
Lila.
Bendita e onisciente,
Leve-me, também...
Para longe.
Para muito longe
Daqui.
Ou traga o que leva,
Lua
Lila
Para dentro de mim!
(*) O título desta postagem "Resistindo na boca da noite um gosto de sol" é trecho da música Nada Será, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, por que eu sei que a lua é o sol que resiste na boca da noite e, assim, tudo será.)
(*) O título desta postagem "Resistindo na boca da noite um gosto de sol" é trecho da música Nada Será, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, por que eu sei que a lua é o sol que resiste na boca da noite e, assim, tudo será.)
11 comentários:
Susista, não há coincidência! A mesma presença da lua em sua casa e na minha só mostra o quanto estamos conectadas, não só uma com a outra, mas também com o lindo andamento da natureza. Hoje a lua invadiu todas as casas (pelo menos aqui em Salvador), pedindo pra ser olhada, linda, cheíssima, trazendo abundância em nossas vidas. Que felicidade, Su, nossa observação semelhante, mas em formatos tão diferentes. A sua lua, em forma de poema, e a minha, em forma de relato íntimo mesmo, que é o que tenho conseguido fazer ultimamente. Continuemos conectadas, pela alma e pela escrita virtual, por sinal, muito real e bálsamo para o nosso mundo interior.
Grande beijo
Já ia esquecendo de perguntar: tirou a foto dela de sua janela? A minhas, eu tirei daqui da janela do meu quarto mesmo....
Irmã-soulsista fá (adorei o susista, rs), escrevemos em formatos diferentes, sim, mas sempre querendo fazer das palavras o nosso bálsamo interior, como voce mesma diz.
Também fiquei super feliz em ver uma postagem sobre a lua no Soulsista.
Realmente, ela, a lua, sobre Salvador está esbanjando beleza, harmonia,completude. É a'nossa última lua cheia do ano, amiga! Brindemos a ela.
As fotos, eu desci do apê, no meio da noite, para tirá-las, lá da frente do prédio. Lembrei de Lenine "a lua me chama eu tenho que ir pra rua".
Quem resiste?!
Bjs, Fá!
linda poesia, Su..a lua mexe, mexe tudo, homens,mulheres, marés...
sempre me estremeço quando ela aparece nalgum canto do céu, crescente ou cheia, ainda bem que sempre olho pro céu.
boas festas! já comecei a comer os doces da cesta mágica!
Querida Naná,
só mesmo o brinde das Oyo, com Chandon Brut, num fim de tarde de uma segunda-feira, para lembrar a voce deste meu pequeno espaço, né?
Obrigada por passar por aqui.
Que possamos olhar sempre o céu e em qualquer lua.
Bjs.
Prezado Macamo,
retribuo, sinceramente, os votos de boas festas e de um ano novo de grandes realizações.
Ahh...já vou espalhar a notícia com as outras colegas de que a cesta mágica de doces está, finalmente, sendo degustada. Recomendo que verifique o prazo de validade das guloseimas, ok?!
Como sempre digo, há coisas para comer e há coisas para pensar!
Ainda aguardamos o texto sobre Salvador.
Um abraço,
Su,
A lua sempre me encanta. O encontro sol e lua me fascina na impossibilidade concreta e no possível do imaginário!
Essa poesia é linda e a sua sensibilidade, ah ... essa é demais!
Bjs
Aninha,
lembre-se de que eclipses de sol e lua existem. Assim, acredito que não há impossibilidades. Tudo depende da conjunção dos astros e da nossa postura em cada momento destas conjunções.
ô, amiga, a minha sensibilidade depende da lua e destas conjunções. E a esta, quem pode resisitir?
Bjs
oh, meu deus, o texto de salvador! receio que a cachaça nao seja suficiente. pensei que regando os doces com ela resolvesse o problema da validade, o que significaria naturalmente menos estado de espírito para escrever... só há coisas para comer e pensar, sueli? para beber nao?
Olá macamo, para beber? Há, sim! Cachaça, por exemplo! E nao para conservar doce, tá? Bom 2009 e muitas realizaçoes e caixinhas mágicas de doces.
Um abraço
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